terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Cansada de uma vida morna.
Ando repugnando meios-termos.
Entediada com tanta estagnação.
Já não consigo mais viver num eterno déjà vu.

Tanta rotina tem me sufocado.
Todos os dias mais do mesmo.
Em todas as calçadas, as mesmas pessoas.
Em todas as palavras, tudo sempre igual.

Já me cansei de tudo isso.
E já não aguento mais suportar.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Finados-feriados



Finados é o feriado mais carregado de culpa e remorsos que conheço.
Talvez não seja assim para todos, mas é para a maioria. É claro que sentimos falta daqueles que amamos e que já morreram. Mas quantos de nós oferecemos a eles, enquanto estavam vivos, ao menos uma vez por ano, a quantidade de flores que hoje depositamos em seus túmulos? Se para cada missa rezada por essas almas tivéssemos proclamado palavras de carinho e afeição, talvez não estivéssemos tão aflitos em garantir que descansem em paz. Para homenagear os nossos mortos não deveria ser necessário uma data. Mas somos tão desatentos que, até para demonstrar nossas saudades e tristezas, precisamos de um feriado que nos lembre disso. Deixamos a vida passar e que as pessoas também passem sem dizer o quanto elas nos são importantes.
Para nos lembrar da importância da família e de como é gostoso reunir todos os parentes em volta de uma mesa, com várias crianças correndo pela casa e bagunçando tudo... Para lembrar que, apesar das diferenças e discussões, sua família é importante e vai estar sempre lá, comemoramos o Natal.
Para demonstrar gratidão por todo o cuidado, amor e ensinamentos recebidos ao longo da vida, temos os dia s dos Pais e das Mães.
Para lembrar como é bom se apaixonar, temos o dia dos namorados.
Para lembrar as saudades, temos finados.
Precisamos criar datas específicas para demonstrar sentimentos específicos porque perdemos a capacidade de nos esvaziar diariamente de nossos sentimentos. Não nos mostramos mais, por medo do que pode parecer: seja tolice ou rigidez.
É no dia de finados que tentamos aliviar as nossas culpas depositando flores em túmulos de pessoas que jamais vão receber o que já deveríamos ter dado tempos antes.
A cada dia é mais urgente que sigamos um dos conselhos mais antigos: viver como se o hoje fosse o último dia, não só o nosso último dia, mas também do outro.
Se você ou alguém que lhe é importante morresse hoje, que sentimento sobraria em seu lugar?!

E ponto final.


Não me faça promessas.
Não preciso delas.

Não me fale dos seus erros passados.
Não me importo com eles.

Não me conte sobre a sua vida.
Não quero saber da sua história.

Não se desculpe demais.
Eu já conheço os teus defeitos.

Não me culpe.
Eu também erro.

Não se sinta preso.
Não sou tua dona.

Só esteja comigo.
Seja inteiro quando estiver ao meu lado.
Não precisa ficar se não quiser.
Mas se for pra ficar, não faças planos.
Nem me faça fazê-los.
O futuro cabe ao tempo.
Seja apenas o meu presente.


E não espere de mim nada além do que sou.
Não projete ilusões.
Apenas esteja aqui comigo e eu estarei com você também.
Vamos viver só de agora.
Vamos fazer cada agora eterno.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Poeminhas...III

Das várias quedas que tive
Muitos ensinamentos tirei
Aprendi a cair com classe
A sorrir na dor
A levantar com destreza
A sofrer com dignidade
Aprendi que não se pode perder tempo
E que, além disso, não temos nada a perder.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Não tá lá uma brastemp, mas é q deu vontade de desenhar... Como eu sou fã e tava assistindo uns episódios, deu nisso aí!!!!
Faltou o lápis de cor pra pintar, então foi à caneta msmo...


sábado, 15 de outubro de 2011

Algumas vezes queremos e precisamos chorar, mas não podemos. Nesses momentos, me parece que Deus permite que o dia chore como o nosso coração e que a noite seja tão negra quanto está nossa alma.
Hoje o dia chorou comigo. A noite já começa tão densa e chuvosa que me vejo espalhada no ar.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Eu era pra ser poema... Você, texto.


Você e eu somos diferentes
Não temos NADA a ver! 
Você tão objetivo
Eu tão passional.
Você em planos cartesianos
Eu em abstrações.
Você calcula o tempo em dias, horas, meses. 
Eu, em fatos, momentos e sensações.
Você sempre com ares de insegurança e, no entanto, tão decidido.
Eu com ares de decisão, e sempre sem saber qual caminho seguir. 

Somos feitos de contrários.
Nascidos no que ninguém diria dar certo.
Vivemos todo esse tempo em nossas diferenças
Decidimos seguir juntos
Para que a nossa estrada possa ter uma paisagem.
E que seja de ambos os lados.

Eu sempre tão acelerada
Você a própria paciência. 
Eu respirando poesia
Você aspirando fórmulas. 
Eu descobrindo aos poucos
Você criando manuais. 

Somos feitos de contrários.
Nascidos do que ninguém diria dar certo.
Somos feitos de contrários.
Somos duas metades. 
(Oh! Quanto clichê!)

Mas juntos somos um.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Devaneios

Muito me intriga a capacidade que algumas pessoas têm de escolherem o sofrimento e se declararem eternas vítimas da vida. Algumas fatalidades são quase inevitáveis. Alguns erros são mesmo involuntários. Mas conheci pessoas ao longo do tempo que escolhiam errar sempre, chorar sempre e se lamentar por demais. Num sofrimento que parece não ter fim, num vazio cheio de desilusões. Algumas pessoas deixam a vida passar. Elas não agem, apenas sofrem ações. Passivas demais para serem felizes. Algumas pessoas, por vezes, se deixam iludir. Outras, pedem que as iludam. Depois apenas desacreditam, para re-acreditar logo após. E vivem nessa redundância.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Que haja espaço para o novo



Fazendo a limpa nos armários da alma. 
Me livrando de coisas que achei que não seria capaz!
Deixando de lado tudo que não cabe mais em mim
Abrindo espaço para felicidades novas
Que não me apertem nem causem desconforto.


Estou doando "amigos sapato apertado"
Não quero mais pessoas que me deem calos
Também tem bastante "gente saia justa"
Que fique para as almas pequenas quem não me deixa respirar!


Não quero mais esse cheiro de naftalina
Nem estou disposta a ficar tirando traças.
Não vou esperar até que essa velharia
Estrague o que ainda há de bom nos meus armários.


Estou fazendo a limpa nos armários da alma
Me livrando de coisas que achei que não seria capaz!
Estou abrindo espaço para felicidades novas
Que não me causem desconforto.



quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Surpreenda-se (se possível)

A cada dia que passa, aumenta em mim a sensação de que já não consigo mais me surpreender e isso muito me incomoda. Me parece que sem que haja surpresa, nossas reações (quando ocorrem) acabam por também ser um tanto estáticas. Assistimos, cada vez mais inertes, aos roubos, não apenas materiais, mas também da nossa dignidade, da nossa perseverança, da nossa liberdade. Diariamente, nos furtam a nossa capacidade de nos surpreender e, com ela, a nossa capacidade de refletir e agir. Esse furto tão silencioso e, por vezes, consentido, vai-nos tornando cada vez mais cegos a nós mesmos.
Tinha esperanças nos idealistas, mas me parece que estes só estão vivendo de utopias, deixando de lado as possibilidades e discursando cada vez mais além, para um tempo além - tempo esse que não verei e que duvido que vá acontecer. Me parece que também os sonhadores deixaram de se surpreender, para apenas sonhar. Sonham quimeras, vivem pesadelos, vêem rotina. Não se surpreendem, não reagem.
No dia em deixarmos de achar normal o que não é bom, no dia em que no assustarmos de verdade com as coisas que vemos, talvez possamos tomar uma atitude para melhorar. Até lá, fica o meu apelo: surpreenda-se! Não perca essa capacidade! Deixe-se surpreender!
Talvez ainda haja tempo para tudo o que temos por fazer. Talvez ainda não enrijecemos por completo. Talvez ainda consigamos reagir.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Reticências não cabem mais em mim

De tempos em tempos uma vírgula
Assim foi que vivemos até agora

Depois de várias vírgulas
Você sempre me deixa com algumas interrogações
Sai com reticências
Eu crio exclamações
Respiro entre parênteses
Dois pontos e eu enlouqueço

Aí você sempre volta
Com ainda mais reticências
Eu faço ponto-e-vírgula
Finjo não ver os seus apóstrofos
Insinuo travessões
E, no fim, sempre vêm
Mais vírgulas
Mais interrogações
Mais exclamações
Mais parênteses
Mais aspas, pausas e dois pontos
E as tão doloridas reticências

Vivemos até agora
Entre orações não classificadas
Vivemos até agora em diálogos que não aconteceram
Repletos de vazios

De hoje em diante
Não vou mais falar entre aspas
Nem viverei frases ambíguas
Na nossa história
Nessa história que sempre ficou tão no ar
A única coisa que ainda cabe
É um ponto final.
.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Mini-crônica IV

Na última semana ela se deu conta de quanta poeira havia penetrado em sua vida. Não apenas nos livros, prateleiras e móveis do seu quarto. Mas por entre as janelas da alma, muita poeira e coisas velhas haviam entrado e se depositado por sob o seu ser. Em meio a tanta coisa que já na valia mais à pena, ela resolveu que precisava, agora mais que nunca, de mudanças. Foi então que, começando pelo quarto, ela resolveu arrumar seus sentimentos. Só assim percebeu que coisas velhas pesam os sorrisos. Sem essa poeira, a vida toda pode ser mais leve.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Os companheiros de todas as horas nem sempre são os bons.


Por mais que as pessoas busquem sempre alcançar o melhor de si, ainda não conheço um ser evoluído o bastante que não possa dizer que as suas características que o acompanham em tempo integral não são o seu melhor, mas sim os defeitos.
Embora muita gente custe a admitir, temos sempre ao nosso lado os nossos defeitos de estimação. Não que o ser humano seja de todo mau, mas é mais fácil carregar um monstrinho nos nossos ombros, que trazer luz à nossa volta.
Carinho, gentileza, cordialidade... mais que qualidades, são costumes. Precisam ser trabalhados, desenvolvidos. Precisamos fiscalizar as nossas atitudes para que estes passem a fazer parte de nós o tempo inteiro ou, ao menos, o máximo possível. Mais que isso, muitas vezes exigimos reciprocidade para poder demonstrá-los.
Algumas pessoas têm algumas dessas qualidades por natureza, mas, ainda assim, faltam-lhes outras tantas. Companheirismo, amizade, humildade, sabedoria, paciência, generosidade, desinteresse, desapego material e várias outras características que tanto nos são cobradas para que possamos nos encaixar no que alguns paradigmas rezam ser de boa índole.
Se, por um lado, ser "bom" nos exige tanto, por outro, para ser "mau" basta respirar. Fazem parte de nosso dia-a-dia o egoísmo, o sarcasmo, o sadismo, a hipocrisia... Tanto fazem parte, que às vezes nem nos damos conta de sua presença. No entanto, não é incomum não nos importarmos com o que não nos atinge diretamente. Não é incomum rirmos quando alguém cai na rua. Rimos da vergonha e da desgraça alheia porque é sempre mais fácil do que nos envolvermos à fim de tentar ajudar e, como justificativas para isso, "já tenho problemas demais", "não me diz respeito", "que bom que não foi comigo", "que pena que ele não tem sorte", "sinto muito se ele é incapaz de cuidar da própria vida"... Não nos faltam respostas.
É sempre mais fácil ficar irritado com a "incompetência" do outro que propor-se a ajudar. Nos parece mais natural apenas dizer que não é problema nosso.
Temos tendência a transformar nossos defeitos em qualidades mudando a forma como os vemos e como os representamos. Assim, quem tem o "dom" de humilhar quem está a sua volta, se autodeclara sincero, jamais um sádico. Ironias e sarcasmos, tornam-se sagacidade, perspicácia. Egoísmo, passa a "não se intrometer". Orgulho: segurança e auto-estima. Ira: inconformismo com o que desagrada. Inveja: inspiração... A lista é grande.
Todos temos muitos defeitos e muitas qualidades. Falta-nos exercitar o que realmente é necessário e tirar as máscaras do que nos envergonha. É sempre mais fácil apenas reagirmos às situações e depois dizer que cada um dos nossos defeitos apenas fazem parte de nossa personalidade. Talvez até o façam. Mas se deixar levar por eles é uma escolha. Não admiti-los significa se deixar dominar e ser hipócrita; e a hipocrisia, por si só, já nos é um defeito muito cultivado e dos piores. Dizer-se não hipócrita talvez seja o maior de nossos erros. Nossa doce hipocrisia, sedutora vaidade.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Aos poucos nos despedimos

Minha saudade não tem nome
Não tem data
Não tem tamanho, forma ou medida...
Minha saudade é atemporal
Sinto falta do cheiro de mato, dos bichos no quintal...
Saudade do passado
Da infância
Nostalgia
Sinto falta dos amigos que já não tenho
Dos que tenho e já não vejo
Dos que não poderei ter

Dói o peito pensar no futuro
Nos amigos que agora tenho
Mas dos quais a vida vai me distanciar
Sinto saudades desse ano que ainda não acabou
Sinto falta do mês passado
Temo pelos dias em que não verei mais os sorrisos que alegram minha alma

Sinto falta dos que ainda estão comigo
Pela incerteza do quanto mais estarão
Sofro antecipadamente
Na tentativa de parcelar a dor
Para que, embora mais longa,
Possa ser um pouco mais fácil de carregar

Me despeço aos poucos dos dias que ainda virão
Os que já passaram levo comigo
Rogo a Deus que os "até breve's"
Não sejam nunca um verdadeiro adeus

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Amigos

Os amigos de verdade a gente não explica, não adquire, não conquista, não ganha. Os amigos de verdade nós apenas reconhecemos. Eles simplesmente entram na nossa vida e, mais cedo ou mais tarde, a nossa mente conclui o que os nossos instintos já gritavam desde a primeira vez que os vimos: este é um irmão.
Não sei se é destino, coincidência, Deus, ou qualquer outra coisa. Mas os amigos de verdade nos chegam como presentes e são provados, como o ouro e a prata, no fogo. Amigos de verdade nos ajudam a caminhar ou mesmo nos carregam no colo quando necessário. Amigos de verdade estão sempre presentes nos nossos sorrisos e nas nossas lágrimas. Mesmo distantes, ainda caminham ao nosso lado. Amigos de verdade transcendem qualquer parentesco, qualquer laço sanguíneo. Eles nos entendem e nos aceitam. Nos criticam e ajudam a crescer e a ser sempre melhor. Amigos de verdade são mais que irmãos comuns, são irmãos de alma.
O bom amigo a gente reconhece no sorriso sincero, na bronca, no cheiro de cumplicidade, nas brincadeiras de criança... O bom amigo a gente ama um pouco mais a cada dia e nem precisa dizer, pois ele sabe. O bom amigo, mesmo quando a gente já não conseguir mais lembrar de seu rosto, sua voz... quando estivermos velhos e a memória falhar, ainda saberemos que ele existiu, pois o amigo de verdade deixa sua marca no coração da gente. E, ainda que não nos vejamos mais ou nem mesmo nos lembremos uns dos outros, vai ficar sempre a sensação de que um dia fomos felizes. E isso ninguém pode nos tirar, substituir ou copiar.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Tempo

O Tempo mostra as verdadeiras faces
Por trás das máscaras nada é o que parece
O Tempo diz a verdade
E nada mais diz o que realmente é

O Tempo canta o que deve ser
E sua canção ecoa na alma
Na balada do tempo dança a vida
Como folhas ao vento
O Tempo carrega a emoção

O Tempo sara as feridas
Endurece o riso
Amolece a fé

O Tempo questiona
O Tempo invalida
Torna reais as utopias
Torna utópicos os sentimentos
Supera o entendimento

O Tempo separa e une
O Tempo vive e morre e revive
Nasce e mata
E no fim
É tudo o que sobra

terça-feira, 3 de maio de 2011

Auto-retrato de hoje. (Amanhã pode não ser)

Na minha essência há um misto de dor e de prazer. Fui feita para coisas infelizes, para estragar o que é bom e, no seu lugar, construir coisas ainda melhores. Fico maravilhada quando vejo algo verdadeiramente agradável, mas com azedume no peito o transformo em coisas mofadas e ruins. Retiro o que sobra quando o que era bom já não me satisfaz e, em seu lugar, crio quimeras ainda maiores, ainda melhores e ainda mais efêmeras.
Paciência é um dom, um talento que nunca tive e nem pretendo ter. Vivo de coisas passageiras, de vontades urgentes, de apetite interminável. Mas não me falta satisfação, seja na criação ou no fim que tudo tem.
Na minha vida não há espaço para o tédio, embora, às vezes, isso me custe algumas lágrimas.
Na minha alma não há espaço para a espera interminável dos dias felizes que nunca chegam. Construo a minha felicidade todos os dias, a preço de sangue se for preciso. Sou capaz de me ferir o quanto for necessário se tal dor me leva ao que pretendo. Mas o que não sei fazer, o que não faz parte de mim e nem nunca fará, é a angústia da espera.
Vivo de retribuição. Sei receber e sei doar. Amor e ódio. Todos têm de mim o que julgo que merecem e não devem exigir mais que isso.
Vivo de intensidade, não amo pela metade, não odeio pela metade, não meço palavras para agradar e espero que me tratem do mesmo modo.
Não me peçam que mude, nem pensem que sou sempre a mesma. Sou obra inacabada e a minha forma é metamorfose.
A essência está para quem quiser ver, mas não me peçam para explicá-la. A cada palavra que escrevo algo muda em mim. E, embora ainda esteja em construção, o alicerce é sempre o mesmo.

terça-feira, 19 de abril de 2011

No meu caminho

Às vezes precisamos fazer escolhas e não sabemos como. Entre o caminho mais certo, mais seguro, porém mais monótono; e o caminho desconhecido, cheio de surpresas boas e ruins. Será realmente preciso escolher entre não se arriscar, mas ter a certeza de onde chegaremos, mesmo sabendo que, excluindo o imprevisto, excluímos também as possibilidades?
Os caminhos desconhecidos podem ter pedras, empecilhos, espinhos... mas também trazem neles belas paisagens, lindas flores, imagens surpreendentes. Os caminhos conhecidos trazem a certeza sem novidades, a segurança sem emoção, a mesma imagem a cada esquina, o mesmo "bom e velho" novo de sempre. Ainda prefiro que o novo me surpreenda. Prefiro me ferir, chorar, cair. Sei que vou me re-erguer, então prefiro me expor a dor das tentativas falhas, mas saborear o prazer da descoberta, do recomeço, da vitória sofrida.
Antes enfrentar o que é mal, a ter que suportar apenas o "bom".
Caminhos diferentes podem ter a mesma chegada pra quem sabe onde quer ir. Eu sei onde estou indo, sei onde quero chegar,  e escolho ir pelo caminho mais longo. O desconhecido me encanta.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Parafraseando

Porque ela é feliz e sabe disso. Talvez por isso sinta tanto medo do que é novo.
Porque às vezes é tudo tão perfeito que ela não consegue imaginar como seria se tudo fosse diferente.
Porque se ela soubesse antes o que sabe agora, erraria tudo exatamente igual.
Nunca lhe faltou amor. Se não recebia o bastante, sempre teve de sobra pra dar a quem mereceu.
Porque nunca lhe faltaram sorrisos, mesmo quando haviam lágrimas.
Porque nunca lhe faltaram amigos, mesmo quando estavam distantes.
Porque a sua vida sempre teve incertezas, mas sempre teve em quem confiar.
Porque algumas pessoas eram traiçoeiras, mas nunca lhe faltou quem fosse verdade.
Porque, mesmo quando não tinha ninguém, ela ainda tinha a si mesma.
Porque na falta de algo melhor, nunca lhe faltou coragem.

domingo, 10 de abril de 2011

Por fim

Felizes os cegos
Bem-aventurados os surdos
Agraciados são aqueles incapazes de perceber o mundo
Os que são capazes de sorrir sem perceber quantos dentes lhes foram tirados
Felizes os que não conseguem ver o tamanho de sua própria miséria
Nem são capazes de ouvir as suas próprias palavras vazias
Bem-aventurados os parvos
Incapazes de compreender sua própria estupidez
Melhor seria se todos assim fôssemos
(se já não o somos)
Fechados em nossos mundos
Incapazes de perceber algo mais
Doeria menos se não pensássemos na dor

Mas por que insistimos em doer
Tentando a dor amenizar
Se já sabemos que esse dilema não se acaba?

sábado, 2 de abril de 2011

Coisas antigas...

Você vem e vai
E eu nunca sei se você vai voltar
Mas eu sempre te espero
E sempre espero que você não me deixe aqui

Você vai e vem
E eu sempre acho que isso não vai doer
Mas eu sempre me engano
E sempre me preparo para mais uma partida
Mas isso nunca funciona assim

Suas idas e vindas
Essa sua dança com a vida
Eu sempre espero uma última dança com você
E tenho medo do fim do baile

Você sempre se vai
Você sempre volta
E o que posso fazer
Se só o tenho assim?

quarta-feira, 30 de março de 2011

Porque só você é assim...

Porque os amores de verdade nunca morrem
E você nunca saiu de mim
Porque o seu cheiro ainda me persegue
E o seu toque ainda me faz sonhar
Porque perto de você eu sou criança
E longe, não sou nem mesmo eu
Porque você tem o dom de me confundir
E eu odeio não saber o que pensar
Porque você me tira do eixo, me rouba do meu mundo
Mas longe de você me falta o chão
Porque você roubou a minha paz
E eu, tola, ainda entreguei o coração

Porque os amores de verdade nunca morrem
E eu ainda espero você voltar

Mini-crônica III

Ela achava que era feliz. Tinha tudo que achava que queria: casa, emprego, marido, filhos... E quando menos esperava, descobriu que aquilo na verdade nunca bastou. Alguém bateu à porta e ela viu à sua frente a adolescente cheia de sonhos que um dia ela fora. E junto com ela, a lembrança e a saudade de tudo que ela nunca viu, nem conseguiu ser.

terça-feira, 22 de março de 2011

Contrários?

Aparência versus essência
Concreto e abstrato
Até onde vai cada um?
Para além da ciência
Para além do senso comum
Além do que dizemos
Misturam-se
Fundem-se
Um sinaliza o outro
Mas não se explicam
Confluem
Confundem-se
A essência se mostra na aparência
A aparência se edifica na essência
Tão ligadas uma à outra
Tão distantes e difusas
O Ser e o Parecer
Até que ponto sou o que pareço?
Até onde pareço o que sou?

segunda-feira, 14 de março de 2011

De volta à normalidade...

E depois de muito tempo, ela acorda feliz: hoje é dia de reencontrar os amigos.
Talvez não veja todos, mas muitos e ótimos amigos estarão lá. Haverá alguns inimigos e também os indiferentes.
A rotina vai recomeçar. Muito stress pela frente, algumas discussões, muitas gargalhadas... De tudo acontece naquele lugar. Mas, apesar de tudo, ela sente falta até mesmo dos problemas típicos dali. Eles a fazem se sentir viva e a impulsionam para frente. Lá não é seu paraíso e nem seu inferno. Mas é nesse purgatório que ela se sente humana.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Só por hoje, um desabafo totalmente trivial e sem propósito!

Se você é o que você come, ninguém é mais íntimo de você que o seu dentista.
Seus pais, seus irmãos, seus amigos, namorado (a)... todas as pessoas que você conhece e as que (pensam que) te conhecem... ninguém é tão íntimo de você. Mesmo os que estão presentes nos seus momentos mais constrangedores, nada se compara a ficar de boca aberta, meio dormente, quase babando, esticado numa cadeira, tenso, morrendo de medo de sentir dor (sem nem lembrar que é pra isso que serve a anestesia)... A gente se contorce, geme, tenta falar e só saem grunhidos piores que o de uma criança.
Nada te invade e te amedronta tanto quanto a possibilidade de encontrarem um alface do jantar de ontem escondido onde nem mesmo o fio-dental conseguiu alcançar! Não bastassem o medo da dor e da vergonha a gente ainda posa com a maior cara de idiota...
(...)
=(

sexta-feira, 4 de março de 2011

Vamos celebrar

Uma ode a tudo que é nada
Um “viva” à falta do que fazer
Aplausos aos palhaços no picadeiro da vida
Celebrem a ausência do pensar

Hoje é dia de festa
Comemorem a guerra
Celebrem a submissão cega

Hoje é carnaval
Festejem a carne e a bebedeira
Cantem à alegria da ignorância
Sambem, na ponta do pé, toda a corrupção

Hoje é dia de morte
Comemorem a violência escancarada
E também a que ninguém vê

Uma ode ao que não vale nada
Todo o valor para o que nada diz
Parabéns ao inútil
E a todas as coisas vis

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Mini-crônica II

Aos quinze, ela queria ganhar o mundo e tinha certeza que conseguiria.
Achava que seus ideais um dia seriam realidade; que sua felicidade seria completa; que as pessoas que amava nunca a decepcionariam nem iriam embora.
Ela havia esquecido que a solidão é a unica companhia inseparável. Que os amigos sempre se vão. Que pessoas erram e que decepções e desapontamentos são uma constante quase diária. Que expectativas são quimeras. Ela havia esquecido que toda felicidade tem um quê de tristeza. E, por tanto esquecer-se, não se lembrou de viver.
Ela apena quis.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

(...)

Ando com vontade de chover
Com vontade de me espalhar por aí
Precipitar-me às encostas dos rios
E correr para o mar
Misturar-me ao mundo
E só depois me juntar...
Ando com saudade de mim!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Mini-crônica

Ela acorda, toma um café rápido, toma banho, se perfuma e escova os dentes. Ela sai, encara um trânsito péssimo, e depois de meia hora de atraso, chega ao trabalho com um humor que não se define em bom ou mal.
As horas passam, o dia se arrasta. O trabalho é o mesmo de sempre. As pessoas são as mesmas. Os mesmo sorrisos amarelos, os mesmo relacionamentos "sem sal". O dia termina. Ela volta pra casa. Toma um banho, come, senta na sala para assistir TV. Os mesmos programas, as mesmas notícias. Tudo está no seu devido lugar. E ela se pergunta:
_Que lugar é esse? Que vida é essa?
Ela vai pra cama e descobre em sonho o que o coração já sabia. Ela precisa mudar, mas tem medo do que não conhece.

Poeminhas...

Por entre flores e espinhos
Entre os sorrisos e as dores
Por todos os caminhos
Amigos e amores
Entre facas e canções...

Voar às vezes requer a coragem de se lançar no vazio
E muito mais que isso
Exige leveza de espírito
E força nas emoções