segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Finados-feriados



Finados é o feriado mais carregado de culpa e remorsos que conheço.
Talvez não seja assim para todos, mas é para a maioria. É claro que sentimos falta daqueles que amamos e que já morreram. Mas quantos de nós oferecemos a eles, enquanto estavam vivos, ao menos uma vez por ano, a quantidade de flores que hoje depositamos em seus túmulos? Se para cada missa rezada por essas almas tivéssemos proclamado palavras de carinho e afeição, talvez não estivéssemos tão aflitos em garantir que descansem em paz. Para homenagear os nossos mortos não deveria ser necessário uma data. Mas somos tão desatentos que, até para demonstrar nossas saudades e tristezas, precisamos de um feriado que nos lembre disso. Deixamos a vida passar e que as pessoas também passem sem dizer o quanto elas nos são importantes.
Para nos lembrar da importância da família e de como é gostoso reunir todos os parentes em volta de uma mesa, com várias crianças correndo pela casa e bagunçando tudo... Para lembrar que, apesar das diferenças e discussões, sua família é importante e vai estar sempre lá, comemoramos o Natal.
Para demonstrar gratidão por todo o cuidado, amor e ensinamentos recebidos ao longo da vida, temos os dia s dos Pais e das Mães.
Para lembrar como é bom se apaixonar, temos o dia dos namorados.
Para lembrar as saudades, temos finados.
Precisamos criar datas específicas para demonstrar sentimentos específicos porque perdemos a capacidade de nos esvaziar diariamente de nossos sentimentos. Não nos mostramos mais, por medo do que pode parecer: seja tolice ou rigidez.
É no dia de finados que tentamos aliviar as nossas culpas depositando flores em túmulos de pessoas que jamais vão receber o que já deveríamos ter dado tempos antes.
A cada dia é mais urgente que sigamos um dos conselhos mais antigos: viver como se o hoje fosse o último dia, não só o nosso último dia, mas também do outro.
Se você ou alguém que lhe é importante morresse hoje, que sentimento sobraria em seu lugar?!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Do it!