De tempos em tempos uma vírgula
Assim foi que vivemos até agora
Depois de várias vírgulas
Você sempre me deixa com algumas interrogações
Sai com reticências
Eu crio exclamações
Respiro entre parênteses
Dois pontos e eu enlouqueço
Aí você sempre volta
Com ainda mais reticências
Eu faço ponto-e-vírgula
Finjo não ver os seus apóstrofos
Insinuo travessões
E, no fim, sempre vêm
Mais vírgulas
Mais interrogações
Mais exclamações
Mais parênteses
Mais aspas, pausas e dois pontos
E as tão doloridas reticências
Vivemos até agora
Entre orações não classificadas
Vivemos até agora em diálogos que não aconteceram
Repletos de vazios
De hoje em diante
Não vou mais falar entre aspas
Nem viverei frases ambíguas
Na nossa história
Nessa história que sempre ficou tão no ar
A única coisa que ainda cabe
É um ponto final.
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quarta-feira, 27 de julho de 2011
terça-feira, 26 de julho de 2011
Mini-crônica IV
Na última semana ela se deu conta de quanta poeira havia penetrado em sua vida. Não apenas nos livros, prateleiras e móveis do seu quarto. Mas por entre as janelas da alma, muita poeira e coisas velhas haviam entrado e se depositado por sob o seu ser. Em meio a tanta coisa que já na valia mais à pena, ela resolveu que precisava, agora mais que nunca, de mudanças. Foi então que, começando pelo quarto, ela resolveu arrumar seus sentimentos. Só assim percebeu que coisas velhas pesam os sorrisos. Sem essa poeira, a vida toda pode ser mais leve.
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