terça-feira, 17 de março de 2015

E, com tudo que digo, ainda falta tanto

E depois de um tempo a gente se pega tentando entender e explicar a si mesmo o que só o coração entende. Acho que, aos quase trinta, a gente se conhece melhor. Ou então é só a TPM e os compromissos do dia-a-dia que te tornam mais sensível mesmo.
Depois de sete anos de namoro, ainda me pego tentando explicar pra mim o que é amar alguém e ser amada. Depois de sete anos de namoro e vinte e oito de vida, a gente chega a conclusão de que explicação nenhuma nunca bastou e que nenhum poeta, por melhor que fosse, jamais teve a capacidade de dizer o que é, de fato, o amor. E aí você se pega escrevendo sobre isso, tentando verbalizar aquilo que você sente, mesmo sabendo-se incapaz de dar conta de todas as complexidades que isso envolve; mesmo sabendo que sempre haverá especificidades e que cada história sempre será diferente da outra. Por isso, e só por isso, pouco importa se vão concordar ou discordar de você. Mas mesmo assim você tenta. Porque o amor é isso. É tentativa. Mais que toda a poesia que sempre fizeram você acreditar, o amor é tentativa, é erro e é acerto. É não desistir. É respirar fundo e encarar aquele "D.R." chato que ninguém gosta, mas é necessário. Amor nem sempre é estar junto, mas é estar presente. Nem sempre é concordar, mas sempre será ajudar a superar. Superar obstáculos. Superar a si próprio. Amor quase nunca é frio na barriga, isso pode ser paixão, atração, química, tesão... Chame como quiser! E tudo isso é passageiro. Amar implica reinventar-se a cada dia. Significa conquista e reconquista. Amar requer paciência com o outro e consigo. Amar requer humildade e reconhecimento. Requer solidariedade e empatia. Requer pensar no "nós" antes do "eu". Para amar de verdade alguém, você precisa antes de tudo aprender a perdoar. Porque amar, como dizem que deveria ser, é fácil. Mas perdoar a si e ao companheiro pela total imperfeição e incoerência com o seu sonho de criança, isso sim é difícil. Você vai precisar se perdoar pelos tantos e tantos erros que vai cometer, por não ter alcançado alguns dos seus sonhos, por não ter encontrado a pessoa certa logo de cara... Vai precisar se perdoar por seu orgulho e pela falta dele; por achar que tudo poderia ser diferente; por achar que tudo é sempre igual.Você precisa perdoar o outro por não ser o príncipe dos contos infantis, o galã do cinema ou a pessoa perfeita pra você. Você precisará se perdoar por não ser a pessoa certa pra ele.
E depois do perdão, você precisa reconhecer que tudo o que você e o outro são, juntos, supera qualquer dos seus sonhos, planos, expectativas... Você deve e vai reconhecer que, mais importante do que o que o outro é, é aquilo que ele te torna.
Com o tempo você vê que amar não é correr atrás, mas caminhar ao lado; é ir de mãos dadas sempre que possível e carregar no colo quando necessário. Amar exige esforço e exige retorno. Nenhum amor consegue ir longe se não for cuidado, ainda que seja retribuído. Amor não só traz paz, como precisa recebê-la para ir adiante. Amor, amor mesmo, a gente nem precisa dizer. A gente sente no olhar, no jeito do outro, no toque e até na voz.
E no final, a gente se encontra e se perde. A gente se mistura e já é tanto do outro e o outro de nós, que não estando juntos, não estamos completos, não somos nós mesmos.
Depois de sete anos num relacionamento, num que me fez amar de verdade, a única coisa que posso dizer com a mais plena certeza, é que nada do que eu disse basta e ainda falta tanto pra gente viver.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

No momento

Tem sempre aquele dia em que você se sente tão cheia de tudo que se sente vazia no todo.
Tem sempre aquela tarde em que a saudade dói e o peito aperta e você não sabe pra onde ir.
Olhar o mar. Ler um livro. Esconder-se no seu quarto. Esconder-se de tudo. Esquecer o mundo. Esconder-se de você.
Aquele dia em que você quer falar, mas não sabe. Quer sentir, mas não vem. Quer sorrir, mas não dá.
Aquele pôr-do-sol que te faz nostálgica, que te põe pra pensar e te esvazia.
Quando você olha ao longe e não vê, não pensa, não ouve. Você nem está ali de verdade. Você apenas se isola e se perde e voa. Sua alma voa. Seu espírito vai longe. E fica um vazio de si.E fica um vazio de tudo.

Das tardes de inverno, solidão.
Dos teus beijos, saudade.
Da tua pele, desejo.
Do teu amor, aconchego.

Do meu colo, te aqueço.
Do meu abraço, te liberto.
Do meu domínio, te enlouqueço.
Da minha voz, te esqueço.

Dos teus olhos
Dos meus
De nós, os nossos

terça-feira, 20 de agosto de 2013

[Porque nem sempre é a boca que fala]

Quanta coisa eu quis dizer e você não estava lá
Quantas vezes a gente sente o indizível
E o peito aperta
E nos afasta de nós mesmos
E nos agustia
E nos aflige
E nos desfaz
E nos desmonta quando monta em nós a necessidade de criar o que não se pode
O que não se pede
De existir o que ainda não há
De haver dito o que os olhos já falaram
De se fazer entender o óbvio
Quantas coisas eu já te disse e você não percebe
E você nunca percebe
Que eu sou o seu maior erro
Que você é minha mair dúvida
E que a única resposta certa
Só pode ser você e eu

sábado, 6 de abril de 2013

Cinco anos.



O tempo passa e a gente quase não sente. E diz: “Nossa! Já?”
Já sim! Já para tantas coisas que a gente só se dá conta quando pára pra pensar. Afinal o que são cinco anos? Em cinco anos quanta coisa já aconteceu ao mundo? Tragédias, escândalos políticos e religiosos, conquistas de direitos, conquistas de sucesso. Derrotas.
Vidas que se findaram e que abriram os olhos.
Em cinco anos, talvez você não saiba, mas o seu coração já bateu pelo menos duzentos e dez milhões de vezes. E quantas vezes você já o sentiu como se fosse parar, batendo descompassado, fazendo seu corpo estremecer e seu estômago dar um nó?
Quanto tempo dura cinco anos? Quantas lembranças cinco anos trazem? Quantas coisas você gostaria de esquecer? 
Mil oitocentos e vinte e seis dias. Quantas dúvidas e quantas certezas? E quais importam mais pra você?
Incontáveis sorrisos.
Inúmeras lágrimas.
Planos que se concretizam.
Novas idéias.
Mudança total de planos.
Novos endereços.
Outras histórias.
Cinco anos.
Cinco anos são tudo que tivemos até agora e não é mais que a ponta do iceberg. É só um número e nem é tão grande assim apesar de sua imensidão de vida. Cinco anos talvez sejam apenas os cinco primeiros passos de uma vida. Uma vida de mãos dadas. São só o começo da estrada.
Cinco anos são tanta coisa e são nada. Tanto que já vivemos e que já nos provamos o que queremos.
Só o início do que ainda há de vir.