quinta-feira, 26 de maio de 2011

Amigos

Os amigos de verdade a gente não explica, não adquire, não conquista, não ganha. Os amigos de verdade nós apenas reconhecemos. Eles simplesmente entram na nossa vida e, mais cedo ou mais tarde, a nossa mente conclui o que os nossos instintos já gritavam desde a primeira vez que os vimos: este é um irmão.
Não sei se é destino, coincidência, Deus, ou qualquer outra coisa. Mas os amigos de verdade nos chegam como presentes e são provados, como o ouro e a prata, no fogo. Amigos de verdade nos ajudam a caminhar ou mesmo nos carregam no colo quando necessário. Amigos de verdade estão sempre presentes nos nossos sorrisos e nas nossas lágrimas. Mesmo distantes, ainda caminham ao nosso lado. Amigos de verdade transcendem qualquer parentesco, qualquer laço sanguíneo. Eles nos entendem e nos aceitam. Nos criticam e ajudam a crescer e a ser sempre melhor. Amigos de verdade são mais que irmãos comuns, são irmãos de alma.
O bom amigo a gente reconhece no sorriso sincero, na bronca, no cheiro de cumplicidade, nas brincadeiras de criança... O bom amigo a gente ama um pouco mais a cada dia e nem precisa dizer, pois ele sabe. O bom amigo, mesmo quando a gente já não conseguir mais lembrar de seu rosto, sua voz... quando estivermos velhos e a memória falhar, ainda saberemos que ele existiu, pois o amigo de verdade deixa sua marca no coração da gente. E, ainda que não nos vejamos mais ou nem mesmo nos lembremos uns dos outros, vai ficar sempre a sensação de que um dia fomos felizes. E isso ninguém pode nos tirar, substituir ou copiar.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Tempo

O Tempo mostra as verdadeiras faces
Por trás das máscaras nada é o que parece
O Tempo diz a verdade
E nada mais diz o que realmente é

O Tempo canta o que deve ser
E sua canção ecoa na alma
Na balada do tempo dança a vida
Como folhas ao vento
O Tempo carrega a emoção

O Tempo sara as feridas
Endurece o riso
Amolece a fé

O Tempo questiona
O Tempo invalida
Torna reais as utopias
Torna utópicos os sentimentos
Supera o entendimento

O Tempo separa e une
O Tempo vive e morre e revive
Nasce e mata
E no fim
É tudo o que sobra

terça-feira, 3 de maio de 2011

Auto-retrato de hoje. (Amanhã pode não ser)

Na minha essência há um misto de dor e de prazer. Fui feita para coisas infelizes, para estragar o que é bom e, no seu lugar, construir coisas ainda melhores. Fico maravilhada quando vejo algo verdadeiramente agradável, mas com azedume no peito o transformo em coisas mofadas e ruins. Retiro o que sobra quando o que era bom já não me satisfaz e, em seu lugar, crio quimeras ainda maiores, ainda melhores e ainda mais efêmeras.
Paciência é um dom, um talento que nunca tive e nem pretendo ter. Vivo de coisas passageiras, de vontades urgentes, de apetite interminável. Mas não me falta satisfação, seja na criação ou no fim que tudo tem.
Na minha vida não há espaço para o tédio, embora, às vezes, isso me custe algumas lágrimas.
Na minha alma não há espaço para a espera interminável dos dias felizes que nunca chegam. Construo a minha felicidade todos os dias, a preço de sangue se for preciso. Sou capaz de me ferir o quanto for necessário se tal dor me leva ao que pretendo. Mas o que não sei fazer, o que não faz parte de mim e nem nunca fará, é a angústia da espera.
Vivo de retribuição. Sei receber e sei doar. Amor e ódio. Todos têm de mim o que julgo que merecem e não devem exigir mais que isso.
Vivo de intensidade, não amo pela metade, não odeio pela metade, não meço palavras para agradar e espero que me tratem do mesmo modo.
Não me peçam que mude, nem pensem que sou sempre a mesma. Sou obra inacabada e a minha forma é metamorfose.
A essência está para quem quiser ver, mas não me peçam para explicá-la. A cada palavra que escrevo algo muda em mim. E, embora ainda esteja em construção, o alicerce é sempre o mesmo.