terça-feira, 3 de maio de 2011

Auto-retrato de hoje. (Amanhã pode não ser)

Na minha essência há um misto de dor e de prazer. Fui feita para coisas infelizes, para estragar o que é bom e, no seu lugar, construir coisas ainda melhores. Fico maravilhada quando vejo algo verdadeiramente agradável, mas com azedume no peito o transformo em coisas mofadas e ruins. Retiro o que sobra quando o que era bom já não me satisfaz e, em seu lugar, crio quimeras ainda maiores, ainda melhores e ainda mais efêmeras.
Paciência é um dom, um talento que nunca tive e nem pretendo ter. Vivo de coisas passageiras, de vontades urgentes, de apetite interminável. Mas não me falta satisfação, seja na criação ou no fim que tudo tem.
Na minha vida não há espaço para o tédio, embora, às vezes, isso me custe algumas lágrimas.
Na minha alma não há espaço para a espera interminável dos dias felizes que nunca chegam. Construo a minha felicidade todos os dias, a preço de sangue se for preciso. Sou capaz de me ferir o quanto for necessário se tal dor me leva ao que pretendo. Mas o que não sei fazer, o que não faz parte de mim e nem nunca fará, é a angústia da espera.
Vivo de retribuição. Sei receber e sei doar. Amor e ódio. Todos têm de mim o que julgo que merecem e não devem exigir mais que isso.
Vivo de intensidade, não amo pela metade, não odeio pela metade, não meço palavras para agradar e espero que me tratem do mesmo modo.
Não me peçam que mude, nem pensem que sou sempre a mesma. Sou obra inacabada e a minha forma é metamorfose.
A essência está para quem quiser ver, mas não me peçam para explicá-la. A cada palavra que escrevo algo muda em mim. E, embora ainda esteja em construção, o alicerce é sempre o mesmo.

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