quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Surpreenda-se (se possível)

A cada dia que passa, aumenta em mim a sensação de que já não consigo mais me surpreender e isso muito me incomoda. Me parece que sem que haja surpresa, nossas reações (quando ocorrem) acabam por também ser um tanto estáticas. Assistimos, cada vez mais inertes, aos roubos, não apenas materiais, mas também da nossa dignidade, da nossa perseverança, da nossa liberdade. Diariamente, nos furtam a nossa capacidade de nos surpreender e, com ela, a nossa capacidade de refletir e agir. Esse furto tão silencioso e, por vezes, consentido, vai-nos tornando cada vez mais cegos a nós mesmos.
Tinha esperanças nos idealistas, mas me parece que estes só estão vivendo de utopias, deixando de lado as possibilidades e discursando cada vez mais além, para um tempo além - tempo esse que não verei e que duvido que vá acontecer. Me parece que também os sonhadores deixaram de se surpreender, para apenas sonhar. Sonham quimeras, vivem pesadelos, vêem rotina. Não se surpreendem, não reagem.
No dia em deixarmos de achar normal o que não é bom, no dia em que no assustarmos de verdade com as coisas que vemos, talvez possamos tomar uma atitude para melhorar. Até lá, fica o meu apelo: surpreenda-se! Não perca essa capacidade! Deixe-se surpreender!
Talvez ainda haja tempo para tudo o que temos por fazer. Talvez ainda não enrijecemos por completo. Talvez ainda consigamos reagir.

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